segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Carlos Eugenio Líbano Soares: nosso primeiro convidado do Resgate Cultural





Nossa primeira palestra é histórica em todos os sentidos. Poucos pesquisadores e historiadores estudam tanto a história da escravidão e da capoeira no Brasil quanto o professor Carlos Eugenio. Enquanto muitos só repetem o que ouvem ou simplesmente saem distorcendo as coisas aproveitando a desculpa de que “Rui Barbosa acabou com a documentação sobre a escravidão”, o professor Carlos Eugenio prefere ir atrás das fontes. E as encontra. Com isso, no meio de arquivos esquecidos com muito pó, ele descobriu documentos importantíssimos e se tornou uma referência mundial no estudo da nossa arte. Já publicou inúmeros livros, teses e artigos.
Sua presença no nosso Zungu é essencial. Afinal, foi ele que estudou a fundo os ZUNGUS do século XIX e os apresentou para o grande público.
Sexta-feira, dia 23, Carlos Eugenio Líbano Soares vem da Bahia para São Paulo. E, entre apresentações folclóricas, vai contar um pouquinho do que sabe para você.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Programação do nosso evento


Finalmente saiu a programação do evento de capoeira mais esperado. Aos poucos vamos escrever aqui um pouco sobre os participantes, locais e tudo mais. Mas já vá anotando:

23/11 – sexta feira
19h00: Abertura do teatro
20h00: Palestra com o Prof Carlos Eugênio Líbano Soares
21h00: Show Folclórico Zungu Capoeira e Convidados
22h30: Apresentação e Roda de Mestres

24/11 – sábado
8h30: Abertura do ginásio
9h30: Oficina de capoeira Angola com Mestre Curió – BA e Mestra Jararaca – BA (aula prática e ritmo)
11h30: roda de capoeira Angola
12h30: horário de almoço
13h30: horário de abertura do auditório
14h00: Palestra com o Mestre Decânio - BA
15h00: Aula de capoeira Angola com os Mestres Bigo -SP e Contra-Mestre Urubu -RJ
16h00: Roda de capoeira e, depois, entrega de cordas
17h00: Aula de capoeira com o Contra-Mestre Luciano - BA e Mestre Mudinho - RJ.
18h00: Roda de capoeira e mais entrega de cordas
22h00: Festa de Confraternização

25/11 – domingo
9h30: horário de abertura da academia
10h30: oficina de ritmos e danças folclóricas com os Mestres Gajé – BA e Macumba – BA.
11h30: “Barulho na rua”
12h00: Roda de encerramento (roda de rua)
14h00: Almoço dos Mestres

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Resgate Cultural


O primeiro Encontro Nacional Zungu Capoeira está chegando. Acontecerá nos dias 23, 24 e 25 de novembro. Acompanhe aqui no nosso blog a programação. A cada dois ou três dias teremos novas informações sobre as oficinas, palestras e personalidades desse evento imperdível.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Silêncio na roda


É com muita tristeza que nós da Escola Cultural Zungu Capoeira comunicamos o falecimento de uma lenda da capoeira: Mestre Leopoldina.

O mestre, nascido em 1933 com o nome de Demerval Lopes Lacerda, era famoso pela sua alegria e por incorporar visualmente o "malandro" carioca. Para os de fora da roda, ficou imortalizado no documentário "A FINA FLOR DA MALANDRAGEM" dirigido por Rose La Creta. Já para os capoeiristas, o que fica marcado é o seu jeito alegre e espontâneo, seu maneira de cantar e toda sua energia.

De vendedor de bala na Central do Brasil até Mestre reconhecido e respeitado no mundo todo, Mestre Leopoldina sempre chamou atenção pelo seu carisma e alegria.

Começou na capoeira aprendendo com um malandro carioca de nome Quinzinho. Depois, foi apresentado à capoeira baiana por Arthur Emídio e com ele começou a praticar.

Partiu para a grande roda dos velhos mestres no dia 17 de outubro, às 16h30, na cidade de São José dos Campos.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

O que é Zungu?


Se você procurar o verbete ZUNGU no dicionário Aurélio, vai encontrar o seguinte:
ZUNGU (do quimbundu nzangu, barulho). S.M. Bras. S. l. V. cortiço (2) “São os míseros escravos das senzalas, dos zungus e cafundós... festejando o São João, dançando o cateretê.” (Martins Fontes, A Dança, p 90) 2. Conflito sem gravidade; bagunça, confusão, desordem.
No dicionário Banto, de Nei Lopes, a definição é um pouco diferente: ZUNGU, s.m. (1) cortiço, caloji. (2) desordem, barulho (FF). (3) Baile reles. (4) Habitante de cortiço (CT) – do quimbundo nzangu, barulho, confusão, conflito. Q. v. tb. O quicongo nzungu, panela, caldeirão.
Mas, na história do negro no Brasil, ZUNGU é muito mais do que isso. Esse era o nome pelo qual eram conhecidas as “casas de angu” no Rio de Janeiro do séc. XIX (lugares de panelas e de barulho, festa e confusão, uma soma de nzangu e nzungu).
O zungu foi uma instituição do século retrasado pouco conhecida e estudada pelos historiadores. Até que o professor Carlos Eugenio Líbano Soares resolveu estudá-la a fundo.
No século XIX, o principal alimento dos escravos era o angu. Servido em panelas nas ruas, preparado por mulheres negras, principalmente na região portuária e de comércio. Adquirindo um certo dinheiro, essas mulheres se mudam para casas no centro do Rio e transformam essas casas em verdadeiros centros de resistência negra.
As casas de angu eram verdadeiros quilombos dentro das cidades, onde os negros faziam seus batuques, suas danças, reverenciavam seus orixás, inquices e voduns. Os Zungus formavam uma rede de apoio aos escravos fugidos e africanos recém chegados, eram casas que recebiam escravos e libertos de todo o Brasil (muitos da Bahia, que trouxeram do Recôncavo sua cultura) e do mundo. Ali era o centro da cidade negra, a cidade escondida.
Muitos zungus eram quitandas e moradias ao mesmo tempo. As ruas estreitas e casas com arquitetura diferente da atual criavam verdadeiros labirintos e becos escondidos e um zungu era um ótimo esconderijo. Dessa época, surgem reclamações em jornais sobre os “barulhos dos negros” nos zungus e inúmeras prisões. Até na lei o zungu foi parar, em 1835.
Nos Zungus, comandados na sua maioria por essas mulheres negras ou libertos minas, a cultura “urbana negra brasileira” se desenvolveu. Nos Zungus, os negros, que tiveram seus familiares separados, criaram novas famílias. Ali, os capoeiras se refugiavam e trocavam informações, praticando suas cabeçadas, rasteiras e rabos de arraia. Zungu é o “rumor de muitas vozes”, casa de liberdade e resistência, local de tradição africana e brasileira, uma rede familiar e de irmãos. Isso, no século XIX e, agora, no século XXI.
A imagem é uma gravura de Debret, chamada NEGRAS VENDEDORAS DE ANGU (1834-1839).

Zungu na rede

Barulho na Internet. Agora a Escola Cultural Zungu Capoeira tem seu blog. Aqui a gente vai atualizar, sempre que possível, as notícias relacionadas ao mundo da capoeiragem. Cultura popular, muita capoeira e, claro, os acontecimentos do grupo formado pelo Professor Cacá e seus alunos. Sejam bem-vindos. Como todo bom zungu do passado, nossa casa de resistência está aberta a todos que saibam respeitar para serem respeitados. No nosso canzuá não tem preconceito. Aqui a casa é de todos, um mocambo na grande rede. Axé.