terça-feira, 30 de junho de 2009

Mestre Tiburcinho: batuque, capoeira e o que mais o recôncavo tivesse


Mestre Tiburcinho, também conhecido como Tibúrcio de Jaguaripe, é lembrado entre poucos capoeiristas (infelizmente, poucos capoeiristas mesmo hoje em dia) como um mestre de batuque. Mas ele também foi um grande mestre de capoeira e figura importante da cultura popular brasileira.
Tibúrcio José de Santana nasceu por volta de 1870 em Jaguaripe. Aprendeu o batuque com Mestre Bernardo, ali no Recôncavo mesmo. Foi um grande batuqueiro e um dos últimos a preservar essa arte (o batuque era uma luta/dança parecida com a capoeira, onde os jogadores usavam as pernas para desequilibrar o adversário, jogada ao som de músicas, ritmada por pandeiros e bastante violenta, uma vez que muitos golpes tentavam acertar a região genital ).
Chegou em Salvador de saveiro, como a maioria dos trabalhadores da região. Conheceu a capoeira de Salvador no Mercado Popular e se enturmou com os capoeiristas locais, se tornando um deles. Ficou famoso nas rodas de capoeira pela sua habilidade.
Depois de algum tempo, Mestre Tiburcinho começou a freqüentar a academia de Mestre Pastinha e era muito visto por lá. Com mais de 80 anos, era um capoeirista malicioso, mandingueiro, perigoso. Cantava sempre músicas da outra luta que praticava, mantendo-as vivas, como:
Ê loandê... Tiririca é faca de cortá... num me corta molequinho de sinhá...
Outro fato importante para a cultura brasileira é que foi Mestre Tiburcinho, levado a Mestre Bimba por Mestre Decânio, quem ajudou o famoso criador da Capoeira Regional a lembrar-se de muitas cantigas e até coreografias de maculelê. Graças a esse encontro, Mestre Bimba começou a colocar o maculelê em apresentações com seu grupo (o que fez com que o maculelê fosse estudado e apresentado por vários grupos de capoeira até hoje). Se o batuque Mestre Tiburcinho não conseguiu manter vivo, a "redescoberta" do maculelê teve uma grande força dele.
Esse grande Mestre participou do “Dança de Guerra”, filme de Jair Moura. É citado entre outros capoeiristas no livro “Tenda dos Milagres”. E a gente faz questão de lembrar o nome dele por aqui.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Santo Antonio, São João e São Pedro


Vamos comemorar nossa festa junina neste sábado, dia 27, a partir das 14h00. Apareça.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Gingando no Museu de Arte de São Paulo


Nossos alunos têm contato direto e diário com a arte popular, a cultura popular. Mas não só isso. Na nossa Escola, as crianças também têm contato com artes plásticas, do tipo que as pessoas costumam rotular de "alta cultura". A Frederica, uma das nossas educadoras, uma vez por semana passa aos alunos um pouco da história das artes e faz oficinas com eles. Por isso, quando fomos ao MASP conhecer a exposição do Vik Muniz, nossos pequenos capoeiristas se identificaram com o que viram. A Raquel, que nunca tinha pisado em um museu, disse que achou "tudo muito lindo". A Saracura gostou de uma obra feita com brinquedos e mostrando um soldado: "uma crítica à guerra". Muitos gostaram da Monalisa feita com geléia e doce de leite ("mas não era do Leonardo da Vinci?"). Com a ajuda da Frederica, técnicas e conceitos foram explicados. E o MASP foi mais um passo para formar esses nossos pequenos artistas.

domingo, 14 de junho de 2009

Nossos antepassados



Devemos sempre lembrar daqueles que vieram antes de nós. A capoeira só está por aqui hoje graças a muitos nomes do passado. Ao entrar na roda devemos agradecer a todos, desde o primeiro africano que, escravizado, chegou ao nosso país trazendo sua cultura e inteligência até nosso companheiro de jogo.
Nas rodas de capoeira lembramos sempre de Mestre Pastinha, Mestre Waldemar e Mestre Bimba. Mas, além deles, muitos outros fizeram parte da capoeira. Nomes desconhecidos, que se perderam no tempo, de gente que deu seu suor e muitas vezes seu sangue pela nossa arte. Para nossa sorte, alguns ficaram mais famosos e foram registrados.

Aqui temos alguns nomes, de Salvador, no começo do século XX:

Age Pintor (Pau da Bandeira, Rua do Chile), Agostinho Ponta, Alfredo, Algemiro Grande Olho de Pombo (estivador na zona marítima, muito temido), Amaralina, Amorzinho Guarda, Antoninho da Barra (Açougueiro), Antônio Boca de Porco (estivador Julião), Antônio Coró (carroceiro do Cais Dourado), Antônio Galindeu (mestre de lancha de Cachoeira de Paraguaçu), Augustinho Pantalona (mestre de Avarengueiro), Avarengueiro, Balbino Carroceiro (Cais Dourado), Barbosa (carregador de canto, do largo Dois de Julho), Bardelha, Basílio (carregador da rampa do Mercado Modelo), Bedaço, Bemor do Correio Federal (marinheiro do Ministério da Guerra), Benedito Cão (Engenho Velho de Brotas), Bento Grande de Brotas (que usava moletas como disfarce), Bilusca Pescador de Barra Fora (da Preguiça), Boca do Rio, Bonome, Caboquinho Estivador (cais do Porto Julião), Cândido da Costa (Cândido Pequeno: argolinha de ouro, campeão baiano e mestre de Noronha), Cara Queimada, Chico Me Dá Me Dá, Chico Três pedaços (vendedor de peixe no Mercado Santa Bárbara, Baixa do Sapateiro), Cimento de Itapoã (pescador de Barra Fora, Itapoã), Daniel Coutinho Noronha (Noronha), Ducinha, Ecavino, Edigar Carrocinha (sapateiro do Maciel de Baixo), Espírito de Porco, Estevinho Pequeno, Estivador, Fausto Grande, Feliciano Bigode de Seda (carregador, lá do Pilar), Galo do Bozó, Gasolina Pescador, Geraldo Chapeleiro (ladeira do Tabohã), Geraldo Pé de Abelha (engraxate, Mercado Modelo), Governador (carregador do Cais), Henrique, Hilário Chapeleiro (pai de santo, Itapoã), Inocêncio Duas Mortes (cabo eleitoral, de Boa Viagem), Júlio Cabeça de Leitoa, Juvenal Engraxate (Mercado Modelo), Lamite Carregador (o grande Lamite, diminutivo de Dinamite, respeitado até pela polícia, homem que encabeçava uma das festas da escadaria do Cais do Ouro, Pilar) Livino Boca da Barra (o Malvadeza), Lona Grande, Lúcio Pequeno (Trapicheiro, da Praia da Preguiça), Macaco, Marco Pequeno, Maré, Nouzinho da Caroagem, Onça Preta, Paquete do Cabula, Pedro Mineiro (carregador, da Praça da Sé), Pedro Porrêta (vendedor de peixe no Mercado Santa Bárbara e trapicheiro no Pilar), Pedro Trinta e Um (carregador, do Maciel de Baixo), Percílio (engraxate, Mercado Modelo), Pesado, Piedade (carregador, raça da Sé), Piroça (vendedor de peixe, Mercado Santa Bárbara, Baixa do Sapateiro), Primo Estivador, Raimundo ABR. (pedreiro, Santa Casa de Misericórdia), Ranzino, Ricardo do Cais do Porto (Doca da Bahia), Samoel Grande da Calçada (carpinteiro), Samuel Pescador de Barra Fora (rampa do Modelo), Sargento do Izeito Odean, Sete Mortes, Simão Diabo, Suriano, Taviano (carregador do Cais), Tibirí Focinho de Porco (condutor de bonde de burro, Correio Nacional), Tibujú Boca de Arraia, Totonho de Maré (estivador, Cais do Porto), Vermelho, Verpó (estivador, cais do Porto Julião), Viarço Pequeno (Carvão de Pedra, Areia do Sete), Victor H.U. da Curva Grande (pescador de Barra Fora, Rio Vermelho), Ximba Cabo da Escradão e Zehi.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Direitos




Todos os dias da semana temos aqui na nossa Escola 40 crianças e adolescentes. Nossos princípios aqui são baseados em uma série de ensinamentos. A tradição da capoeira, o respeito aos mais velhos que produzem a cultura popular, o respeito aos livros e à leitura.
E, principalmente, o respeito ao Estatuto da Criança e Adolescente. Por isso, colocamos também aqui no blog, com a ajuda do Mauricio de Souza e da Turma da Mônica, um pouquinho disso.