quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

As fotos do II ENCONTRO NACIONAL ZUNGU CAPOEIRA: PLANTANDO SEMENTES

Um pouquinho, bem pouco, do nosso PLANTANDO SEMENTES. Agora, em imagens.










terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Aconteceu 2: II ENCONTRO NACIONAL ZUNGU CAPOEIRA: PLANTANDO SEMENTES


30, 31 de outubro, 1 e 2 de novembro de 2009.
Foram quatro dias de evento voltado para as crianças. Tudo na Bela Vista e proximidades.
Vamos a um pequeno resumo (as fotos vêm depois)...
30 de outubro:
Começamos com uma palestra cujo tema foi CAPOEIRA, ESCRAVIDÃO E O BIXIGA NA SÃO PAULO DO SÉCULO XIX. Depois de uma exposição de fotos e das palavras do palestrante, começou o samba-de-roda.
31 de outubro:
Aula para as crianças na Creche São Francisco. Brincadeiras com capoeira, diversão e uma bela roda onde os pequenos foram batizados e ganharam suas primeiras graduações. O Contra-Mestre Renan foi nosso convidado especial nesse aulão, que arrancou muitos elogios e sorrisos. Mestre Bigo já estava conosco, dando uma força mais que especial.
À noite, sob o comando do Mestre Bigo e do Cacá, uma roda de capoeira com nossos convidados aconteceu no nosso Zungu.
1 de novembro:
Oficina de Capoeira Angola com Mestre Bigo, na quadra do Colégio Rodrigues Alves, durante a manhã. A aula se encerrou com uma bela roda.
Na parte da tarde, aula de ritmo e dança afro com Mestre Macumba, vindo de Salvador só para isso. Começamos o afoxé nesse dia.
Mais tarde, Mestre Klaity mostrou a todos os educadores (e às crianças presentes) maneiras de se trabalhar com crianças.
Teve início outra roda de capoeira com professores, contra-mestres e mestres convidados. Nessa roda, também aconteceram trocas de graduações.
2 de novembro:
O dia começou animado. Enquanto esperávamos o almoço preparado pelo Pai Francisco de Oxum (que explicou às crianças o valor e a história dos alimentos de origem afro), Mestre Ananias e seus discípulos fizeram o samba comer solto.
Depois, sairia nosso Afoxé. Mas a chuva não ajudou- ou melhor, ajudou, sim. Porque não saímos, ficamos no Zungu e fizemos o afoxé lá dentro: a energia foi tão boa que teve gente que agradeceu à água que caiu.
Ainda nesse dia, tivemos a roda de encerramento, sob o comando do Mestre Ananias. Uma roda muito especial e inesquecível.
Foram 4 dias onde pudemos mostrar às crianças um pouco da nossa cultura, trocar informações com gente vinda de vários estados (Bahia, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais) e, o que é mais importante: festejar. Mais uma vez tivemos a certeza de que estamos no caminho certo.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Aconteceu 1: OFICINA DE CAXIXI COM MESTRE BIGO

Nosso blog tem demorado a se atualizar. Mas garantimos que isso vai mudar. Para começar, vamos registrar algumas coisas que JÁ aconteceram no nosso Zungu nesse segundo semestre.





04 DE SETEMBRO:
A Oficina de Caxixi com nosso querido Mestre Bigo foi um sucesso. Com a atenção e humildade que só esse discípulo de Mestre Pastinha tem, crianças e adultos conseguiram fazer seus caxixis, além de poderem conviver um pouquinho com essa pessoa fantástica que é o Mestre Bigo. Agradecemos também ao Rafael (Banda) que veio dar uma força ao Mestre.

sábado, 30 de agosto de 2008

O berimbau já tocava no Bixiga há mais de 100 anos


Nosso Zungu está localizado na Bela Vista, nas margens do Bixiga. Região histórica de presença negra em São Paulo. Perto da tradicional e querida Vai-Vai. Próximo de outros capoeiristas. Colado a uma região que já abrigou o Quilombo da Saracura (para quem não sabe, onde hoje corre a Avenida 9 de Julho, corria o Riacho da Saracura).
A ancestralidade negra da região está mais do que provada.
Em mais uma pesquisa, encontramos no jornal CORREIO PAULISTANO, de 1907, uma matéria que alguns trechos vamos reproduzir:

"É um pedaço da África. As relíquias da pobre raça impellida pela civilização cosmopolita que invadiu a cidade, ao depois de 88, foi dar alli naquela furna. Uma linha de casebres borda as margens do riacho. O valle é fundo e estreito...
... Cabras soltas na estrada, pretinhos semi-nus fazendo gaiolas, chibarros de longa barba ao pé dos velhos de carapinha embranquecida e lábio grosso de que pende o cachimbo, dão áquelle recanto uns ares do Congo. Alli pae Antonio, cujas mandingas celebram os supersticiosos de Pinheiros, de Santo Amaro, da várzea e até do Tabôa, pratica os seus mysterios e tange o urucungo, apoiando ao ventre rugoso e despido a cabaça resonanta. As casas são pequenas; as portas baixas...
... os que vieram nos navios negreiros, que plantaram o café, que cevaram este solo de suor e lágrimas, accumulados alli, como o rebutalho da cidade, no fundo lobrego de um valle."

Sim, em 1907, um senhor mandingueiro (de acordo com o texto, um feiticeiro poderoso) já tocava seu berimbau (urucungo) pertinho da gente. Provavelmente em um outro zungu, ancestral ao nosso.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Ladainha 2

Ie!
O mundo de Deus é grande
Deus traz numa mão fechada
O pouco com Deus é muito
O muito sem Deus é nada
Noite de escuro não serve
pra caçar de madrugada
Caçador dá muito tiro
De manhã não acha nada
Veado corre é pulando
Cotia corre é na trilha
Se eu fosse governador
Ou manobrasse a Bahia
Isso que marujo faz
Comigo ele não faria
Camaradinha!.....

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Biblioteca inaugurada com festa



No sábado, dia 16 de agosto, nossa biblioteca finalmente foi inaugurada. O dia começou com uma faxina na casa, promovida pelos funcionários da Standard and Poor´s. Depois disso, começou a organização da biblioteca: limpar os livros, catalogar, colocar nas prateleiras. Ao mesmo tempo, a família Zungu brincava com os voluntários da empresa, mostrando como se toca um berimbau e até mesmo chamando todos para uma roda. No final, o angu foi servido e o samba foi até tarde.
Obrigado ao pessoal da Standard and Poor´s (em especial à Heloisa Kiessling e à responsável por tudo, Regina Nunes) por serem nossos parceiros, fazerem parte da nossa família e terem colocado de pé o sonho da biblioteca para a comunidade.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Biblioteca nova no Bixiga


Sábado, dia 16 de agosto, nossa ONG inaugura sua biblioteca. São centenas de livros, gibis e revistas para as crianças, adolescentes e até adultos se aproximarem da literatura.
Com a ajuda dos nossos parceiros da Standard & Poor´s, uma multinacional que apóia inciativas sociais no mundo todo e que tem contribuído em muito para melhorar as coisas por aqui (principalmente graças à sua Presidente, a senhora Regina Nunes), nossos educadores e alunos farão um pequeno evento para marcar essa data. Quem gostar de leitura (ou de capoeira) será bem-vindo.

Local: Almirante Marques Leão, 787
Horário: a partir das 12h00 para os convidados

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Ladainha 1

A partir de hoje, publicaremos algumas ladainhas. Principalmente aquelas nas quais os ouvintes "mudernos" não conseguem entender em detalhes o que o cantador disse.
Para inaugurar, nada melhor do que uma cantada pelo sensacional Mestre Waldemar na famosa gravação dele com Mestre Canjiquinha.
Ah! E se você tem dúvida sobre alguma letra, mande um comentário que podemos colocá-la aqui. Axé.




Quando vê cobra assanhada,
Não bote o pé na rodilha
A cobra assanhada morde
Se eu fosse cobra, mordia.

Cachorro que engole osso,
Nalguma coisa se fia
Ou na goela, ou na garganta,
Ou em outra freguesia.

Prenderam Pedro Mineiro
Dentro da secretaria
Para dar depoimento
Daquilo que não sabia

Camaradinha...

Terimah Kasih !

A frase acima quer dizer OBRIGADO na Indonésia. E é isso que a Escola Cultural Zungu Capoeira quer dizer ao povo daquele país tão especial.
Em junho, Cacá esteve lá pela segunda vez em um grande evento de capoeira.
Pôde reencontrar antigos amigos, fortalecer nosso Zungu no outro lado do mundo, rever seus alunos Iaco (5 Segundos) e Lilica e ainda se certificar de que os indonésios estão a cada dia mais apaixonados pela capoeira.

O evento foi organizado pela Lilica (ex-Mandinga Brasileira, que agora está se tornando ZUNGU) e pelo 5 segundos (ZUNGU), que trabalham com a capoeira na ilha de Surabaya. Junto com o evento de capoeira/batizado, houve também o evento da Embaixada Brasileira para divulgar nossa cultura, chamado “Journey through Brazil.” Festa junina, barracas de jogos, comida típica brasileira, samba e uma mostra de filmes/fotos mostraram um pouquinho do que o nosso país tem a oferecer.

Cacá deu aulas, workshops, entrevistas, palestras e ajudou regar ainda mais a planta da capoeira por lá, cuja semente ele ajudou a colocar naquela terra.

Participaram da capoeira, num grande clima de amizade, diversos grupos que têm trabalho no país: Axé Capoeira, Senzala Bali, Quizumba, Argola de Ouro e Capoeira Surabaya (além, é claro, do antigo Mandinga Brasileira que foi o organizador do batizado).

Obrigado, Indonésia.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Capoeira em São Paulo? Desde quando?


Nosso Zungu conta com uma grande equipe. Entre essas pessoas se encontra um pesquisador, que faz questão de divulgar seu mais recente achado: um texto histórico para os capoeiristas de São Paulo (e do Brasil).

Votou a Câmara Municipal de São Paulo, a 14 de janeiro de 1833: Toda a pessoa que nas praças,ruas ,casas públicas, ou em qualquer outro lugar também público, praticar o exercer o jogo denominado de —capoeiras — ou qualquer outro gênero de lucta; sendo livre será preso por 3 dias, e pagará a multa de 1 a 3$000 réis e sendo captiva,será também presa por 24 horas, e sofrerá pena de 25 a 50 açoites.
Votaram contra a pena dos açoites aos escravos srs. Lopes, e Santos.


Bom, se dependesse dos srs Lopes e Santos, pelo menos chibatadas a gente não ia levar.



Imagem 1: São Paulo, fim do século XIX. Fotografia de Militão Augusto de Azevedo.

Imagem 2: São Paulo, 1862. Fotografia de Militão Augusto de Azevedo.

ONG Zungu Capoeira


A maioria das pessoas já sabe, mas não custa repetir: estamos começando um grande trabalho social na região da Bela Vista (Bexiga).
Entre nossos projetos, está uma biblioteca para estímulo da leitura. E essa camiseta está sendo vendida para arrecadar fundos. Vista nossa camisa, literalmente.

Valor: R$ 40,00 (mais do que uma camiseta, é uma doação- por isso o valor alto)

Como comprar: encomendar com o Anderson no telefone (11) 94101420.

O texto que está na frente da camiseta:
Uma camiseta não muda o mundo. O que muda são atitudes. Atitudes como as da Escola Cultural Zungu Capoeira, que usa a nossa cultura para ajudar as crianças que mais precisam. Entre outros projetos, esses capoeiristas estimulam a leitura, através de uma biblioteca infantil. Lá, as crianças entram em contato com grandes autores e livros especiais, um mundo mágico que vai fazer com que elas queiram ler de tudo. Inclusive textos em camisetas criadas para arrecadar fundos para elas. É, pensando melhor, uma camiseta pode sim mudar alguma coisa.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Nosso Zungu




Nossa casa está ficando pronta. Sim, finalmente teremos um espaço só nosso, onde vamos colocar nosso trabalho social a todo vapor. Aguardem mais novidades sobre o Projeto e sobre a casa.

Esse blog parou de se atualizar?

Calma, calma. Gente do mundo todo continua acessando nosso blog, agora até nossos irmãos do continente africano, mais precisamente de Angola (bem-vindos!). E não vamos faltar com informações aqui para ninguém.
Mas, nesses meses, muita coisa tem acontecido na Escola Cultural Zungu Capoeira e, por isso, tem faltado um pouco de tempo para a atualização do nosso blog.
Não se preocupem: hoje mesmo, novidades serão colocadas aqui. Novidades muito boas. Axé.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Perfil: SAMUEL QUERIDO DE DEUS


Um dos capoeiristas mais falados pelos antigos tinha o nome de Samuel Querido de Deus. Era considerado imbatível nas rodas, temido por todos os capoeiristas. Seu nome não chegou tão famoso aos dias de hoje quanto os de Pastinha ou Bimba, já que esses tinham academias no centro, inovaram a capoeira e fizeram discípulos que divulgaram seus ensinamentos. Mas Querido de Deus também entrou para a história, impressionando o povo da capoeira e intelectuais e estudiosos da nossa arte daquela época (estamos falando das décadas de 30 e 40).

Para descrevê-lo, nada melhor do que chamar Jorge Amado. Ele conta no seu Bahia de Todos os Santos como era Samuel:
“Já começaram os fios de cabelo branco na carapinha de Samuel Querido de Deus. Sua cor é indefinida. Mulato, com certeza. Mas mulato claro ou mulato escuro, bronzeado pelo sangue indígena ou com traços de italiano no rosto anguloso? Quem sabe? Os ventos do mar nas pescarias deram ao rosto do Querido de Deus essa cor que não é igual a nenhuma cor conhecida, nova para todos os pintores. Ele parte com seu barco para os mares do sul do estado onde é farto o peixe.

Quantos anos terá? É impossível saber nesse cais da Bahia, pois de há muitos anos que o saveiro de Samuel atravessa o quebra-mar para voltar, dias depois, com peixe para a banca do mercado Modelo. Mas o velhos canoeiros poderão informar que mais de sessenta invernos já se passaram desde que Samuel nasceu. Pois sua cabeça já não tem fios brancos na carapinha que parece eternamente molhada de água do mar? Mais de sessenta anos. Com certeza. Porém ainda assim, não há melhor jogador de capoeira, pelas festas de Nossa Senhora da Conceição da Praia, na primeira semana de dezembro, que o Querido de Deus.

Que venha Juvenal, jovem de vinte anos, que venha o mais ágil, o mais técnico, que venha qualquer um, e Samuel, o Querido de Deus, mostra que ainda é o rei da capoeira da Bahia de Todos os Santos. Os demais são seus discípulos e ainda olham espantados quando ele se atira no rabo-de-arraia, porque elegância assim nunca se viu..."

Também a antopóloga americana Ruth Landes, que fez um trabalho maravilhoso estudando o candomblé em Salvador no ano de 1938, assistiu acompanhada de Edison Carneiro a um jogo de capoeira de Samuel com Onça Preta e descreve o jogo em detalhes no seu livro "A cidade das mulheres". Lá, ela conta que ele era "alto, mulato, de meia-idade, musculoso e pescador de profissão".

Edison Carneiro considerava-o "o melhor capoeirista que já se viu". Antonio Lberac Pires nos mostra um artigo do Jornal "O Estado da Bahia" de 13 fevereiro de 1937, no qual está escrito que no Segundo Congresso Afro-Brasileiro, realizado em Salvador, quem comandou a apresentação de capoeira foi Querido-de-Deus, "considerado pelos outros capoeiristas como o melhor entre eles". E também, é claro, ele é citado no essencial livro "Capoeira Angola", de Waldeloir Rêgo.

Nada mais justo que os capoeiristas reverenciem seu nome hoje e sempre. E que o Zungu ajude a que Samuel Querido-de-Deus nunca caia no esquecimento. Axé.

2008

Nosso blog tem pouco mais de 2 meses de vida. E já teve mais de mil acessos. Gente do mundo todo, sem exagero, veio buscar informações aqui (por ordem de acesso): Indonésia, Suíça, Estados Unidos, Austrália, Holanda, França, Itália, Argentina, Espanha, Colômbia, Polônia, Dinamarca, Rússia e Alemanha. Thank you, Terimah Kasih, gracìas, danke, merci, grazie, Спасибо.

Em 2008, muitas novidades aqui no blog. Você pode buscar textos antigos pela data aí do lado esquerdo ou por temas. E, todo mês, teremos uma biografia curta de algum mestre antigo (de preferência, algum pouco falado). Axé.